Com recordista em Jogos de Inverno, Brasil inicia competições em Lake Placid
18 de novembro de 2019Nesta segunda-feira (18), em Lake Placid, nos Estados Unidos, o Brasil iniciará mais uma Copa América de Bobsled e Skeleton. Bicampeão da competição no 4-man, com títulos conquistados em 2015 e 2018, o bobsled nacional começará a temporada com as disputas no 2-man. Às 19h (de Brasília), as duplas Edson Bindilatti e Edson Martins e Marley Linhares e Rafael Souza irão à tradicional pista de 1.455 metros de comprimento com um objetivo em comum: mostrar a força da modalidade praticada sobre o gelo que mais vezes representou o país em Jogos de Inverno.
No total, o bobsled brasileiro soma quatro disputas olímpicas: 2002, 2006, 2014 e 2018. Em todas elas, um membro da delegação se repetiu: Edson Bindilatti. Aos 40 anos e pronto para entrar novamente em ação, o baiano é o recordista do país, ao lado de Jaqueline Mourão, em participações em Jogos de Inverno. Buscando a quinta participação, Bindilatti terá a missão neste ciclo olímpico de também liderar uma delegação composta por muitos jovens. Isso porque, nesta semana, outras disputas iniciarão.
Também nesta segunda em Lake Placid, Marina Tuono começará o circuito mundial de monobob. Na quarta, o 4-man começará a luta pelo tricampeonato da Copa América. Marley Linhares, Erick Vianna, Odirlei Pessoni e Rafael Souza representarão o país em uma das baterias. Em outra, o time será formado por Marley Linhares, Erick Vianna, Edson Martins e Rafael Souza. No mesmo dia, mas no skeleton, as promessas Nicole Silveira e Gabriel Carmignoli competirão pela mesma competição.
Ainda na quarta, os integrantes mais novos da delegação têm compromisso importante visando vagas nos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude, que serão realizados em Lausanne, na Suíça, em janeiro de 2020. Larissa Cândido e Lucas Carvalho competirão no skeleton, enquanto Gustavo Ferreira lutará por uma vaga no monobob.
Confira abaixo uma entrevista com Edson Bindilatti sobre a Copa América e a busca pela quinta Olimpíada na carreira:
Você está em busca da quinta Olimpíada de Inverno, algo nunca alcançado por outro brasileiro. Qual é a sensação de iniciar a segunda temporada de mais um ciclo olímpico?
Dar início a um novo ciclo olímpico é a mesma coisa que iniciar o primeiro. Muita vontade, muita ansiedade, muita motivação de querer bons resultados.
Com 20 anos de bobsled, sua motivação continua a mesma do começo, realmente?
Os atletas sempre estão motivados. A nossa motivação, mesmo já tendo participado de outros ciclos anteriores, é permanente. E o legal é que isso passa para os mais jovens e faz com que eles se dediquem bastante para ter grandes resultados. Eles vêm entendendo como é o ambiente competitivo, como é a preparação, como é a preparação do trenó, da pista, como é contato com os treinadores, e isso faz eles ganharem muita experiência.
Falando nisso, o que representa ser o mais experiente?
Como mais experiente, me sinto na responsabilidade de dar exemplo para os mais jovens e sempre incentivá-los a buscar grandes resultados. Basta quererem, acreditarem, terem foco, dedicação e respeito às pessoas que estão ao redor. Meu papel não é só qualificar para a Olimpíada e tentar um grande resultado, mas também fazê-los entender a importância de defender nosso país e tentar um grande resultado. Minha experiência ajuda que eles entendam as coisas de forma mais rápida. Eu não tive uma pessoa mais experiente para ensinar as coisas que nem nós ensinamos a eles, permitindo um entendimento mais rápido. Estamos sempre aprendendo, mas minha geração levou muito mais tempo para aprender coisas que eles em um piscar de olhos conseguem aprender por conta do suporte que têm hoje.
Como está o nível da nossa equipe de bobsled?
Continuamos com Edson Martins, Odirlei Pessoni, Erick Vianna, Rafael Souza e agora entramos com o Marley Linhares, que está pilotando muito bem, é muito forte, muito competente. O processo de fazer o time mais forte do que o último está acontecendo. Queremos formar um time para ser campeão olímpico. Aos pouquinhos vamos encaixando, lapidando parte técnica e física para sempre ter um time melhor do que o anterior.
Toda essa preparação requer sacrifício. Um desses, é ficar longe da família…
Eu sei o quão difícil é ficar longe da família, mas se você tem aquela vontade de competir, de vencer, de ganhar, vai valer a pena porque depois você vai ter história para contar para os seus filhos, vai ter motivos para orgulhá-los. Tudo isso serve de gás para eu buscar grandes resultados. Tenho um apoio muito grande da minha família e isso é importantíssimo para eu almejar grandes resultados.
O que leva você a buscar mais uma participação em Jogos Olímpicos de Inverno?
O que me leva mesmo a buscar a próxima Olimpíada não é a marca de cinco Olimpíadas. É a vontade de chegar lá e brigar em igualdade com qualquer time do mundo e tentar brigar por medalha. Sempre falo que antes de começarem os Jogos todo mundo tem chance de ganhar. Depois que começou, aí vai de quem está mais preparado. E é isso que estamos buscando.
Mas a marca de cinco Olimpíadas é extremamente relevante. O que ela significaria?
Fazer parte de uma quinta Olimpíada mostra o quão importante é cuidar do seu corpo, da sua alimentação, do seu descanso. Se manter 20 anos em alto rendimento, obtendo resultados mundiais, tem um significado muito grande. Tenho esta gana de buscar a quinta Olimpíada também para mostrar que você pode qualquer coisa quando se cuida. Vou me sentir muito lisonjeado integrando um grupo seleto em participações olímpicas porque o próprio nome já diz, é um grupo seleto. Poucas pessoas tiveram essa oportunidade. Isso mostra que você percorreu sua vida atlética de uma forma coerente, leal, correta. Eu ficaria muito contente em entrar em um grupo pequeníssimo.
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